Saiu no blog do PHA, Conversa Afiada, mas a origem é o IG...
Exclusivo: livro muda história da ditadura
“Militantes de esquerda foram
incinerados em usina de açúcar”. Delegado revela em livro que viraram
cinzas os corpos de David Capistrano, Ana Rosa Kucinski e outros oito
opositores da ditadura
A primeira confissão do atentado ao Riocentro
Ex-delegado do DOPS conta ter participado atentado, dá nomes dos chefes militares da operação e conta o que deu errado
Tales Faria, iG Brasília
“Participei do atentado ao
Riocentro (durante as comemorações do Dia do Trabalhador, em 1981) e fiz
parte das várias equipes que tentaram provocar aquela que seria a maior
tragédia, o grande golpe contra o projeto de abertura democrática”,
revela o ex-delegado Cláudio Guerra, do DOPS (Departamento de Operações
Políticas e Socias), no livro “Memórias de uma guerra suja”.
O depoimento aos jornalistas
Rogério Medeiros e Marcelo Netto, que acaba de ser publicado pela
editora Topbooks, é a primeira confissão de participação no atentado
feita por um integrante das forças de resistência á redemocratização do
país no final da década de 70.
No Riocentro, bomba explodiu antes da hora do atentado previsto e matou agente de informações do Exército
Cláudio Guerra conta que a
bomba explodiu por engano no colo do sargento Guilherme Pereira do
Rosário por um erro do capitão Wilson Luís Chaves Machado, que dirigia o
Puma onde os dois estavam:
“Aquela bomba era uma das três
que deveriam explodir no show. O capitão Wilson estacionou o veículo
embaixo de um fio de alta tensão e a carga elétrica desse fio, a energia
que passava em cima do Puma, fechou o circuito da bomba, provocando a
explosão. O erro foi do capitão. (…) Eu era especialista em explosivos.”
O ex-delegado dá os nomes dos comandantes da operação, “os mesmos de sempre”:
O coronel de Exército Freddie
Perdigão (Serviço Nacional de Informações); o comandante Antônio Vieira
(Cenimar); e o coronel Carlos Alberto Brilhante Ustra (comandante do
Departamento de Operações de Informações do 2º Exército – DOI-Codi).
Quanto à sua equipe, a missão
seria prender esquerdistas que seriam responsabilizados pelo atentado:
“Fui para lá com uma lista de nomes.”
Mas deu tudo errado. Com a
explosão da bomba no Puma, os militares policiais civis e os policiais
civis que levavam outras duas bombas abortaram a operação.
“O destino daquela bomba era o
palco. Tratava-se de um artefato de grande poder destruidor. O efeito da
carga explosiva no ambiente festivo, onde deveriam se apresentar uns
oitenta artistas famosos, seria devastador. A expansão da explosão e a
onda de pânico dentro do Riocentro gerariam consequências desastrosas.
Era evidente que muitas pessoas morreriam pisoteadas.”
Segundo conta Cláudio Guerra, a
coordenação feita pelo pessoal de inteligência havia mandado suspender
todos os serviços de apoio do Riocentro, incluindo o policiamento e a
assistência médica, para que não houvesse socorro imediato às vítimas.
Até as portas de saída foram trancadas e placas de trânsito com siglas
da VPR (Vanguarda Popular Revolucionária) haviam sido pichadas para dar a
entender que se tratava de uma ação da esquerda.
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