quarta-feira, 10 de dezembro de 2014

POR UMA JUSTIÇA QUE ENCARCERE OS RESPONSÁVEIS POR TODOS OS TIPOS DE CORRUPÇÃO!


Por uma justiça que encarcere os responsáveis por todos os tipos de corrupção!

Digamos a verdade, alguns grupelhos raivosos e doentes precisam ver a cor das grades. Reporto-me ao "pai" do liberalismo, Locke: se o estado não contem os trânsfugas, eles comprometerão o bom andamento da vida privada e, consequentemente, social.

Se não, vejamos...

Um candidato derrotado em eleições, democraticamente conduzidas, incita a derrubada de sua adversária vitoriosa, desrespeitando a mesma Lei que o diplomaria caso fosse o vencedor. A Lei tem valor para ele?

Um deputado, entre outras aberrações humanísticas, éticas e conceituais, defende o ensino do criacionismo nas escolas, argumento que nem mesmo o Papa atual parece concordar. Afinal, o Estado é laico, se referencia na Constituição, segundo a qual preconceito deve ser punido. A Lei tem valor para ele?

Outro deputado faz uma declaração cuja única consideração possível é a de foi dita por um bandido, ainda que o "meliante" pudesse ser considerado um psicopata. A Lei tem valor para ele?

O movimento dos "esclarecidos" (sic), por fim, culmina com uma manifestação pública a favor da repressão do estado a esse tipo de expressão da sociedade civil: ditadura. A Lei tem valor para eles?


A Justiça deveria se manifestar e punir exemplarmente esses "bandidos" ou, para usar seus próprios termos, essa "organização criminosa". Afinal, nem só a corrupção "econômica" pode comprometer uma sociedade.  Outras formas de corrupção - éticas, políticas, etc. - são tão, ou até mais nefastas a sociedade.

sexta-feira, 14 de novembro de 2014

LANÇANDO UM POUCO DE LUZ NO BURACO NEGRO DA PF, DA JUSTIÇA E DA MÍDIA NATIVA A Lei não pode contiuar sendo só para inglês ver!


Sempre soa estranho o que é chamado pela mídia de "vazamento" em inquéritos policiais e/ou judiciais por um único motivo: trata-se de agentes da lei agindo contra a lei. Isso é uma afronta à Lei, à Justiça e a todos nós que nos acostumamos a isso sem refletir.
Sem nos aprofundarmos muito, vamos aos dados que são do conhecimento até do reino mineral:

- o bicheiro "Carlinhos Cachoeira" pautava a revista de maior circulação nacional, a "Veja", juntamente com o senador "Demóstenes Torres" e o membro do STF, "Gilmar Mendes" - todos bandidos soltos, ou juristas liberando bandidos ricos, manifesrtando-se contra a Constiuição que deveriam defender, segundo sua função pública.

- curiosamente, quando se trata de outro policial, um delegado que foi alvo de "tentativa de corrupção por um banqueiro" ("Daniel Dantas" tentativa filmada e exibida em rede nacional) os punidos foram "o delegado Protógenes Queiroz e o Diretor da PF na época. (Kafkiano, no mínimo)  O inquérito foi arquivado porque o delegado usou investigadores da ABIN (outra instituição de polícia federal) e o delegado demitido e processado - acredite se quiser...

- os "vazamentos" são frequentes, principalmente quando ligados à PF, sempre para "reporteres" da Globo e da Veja, sobretudo se estiver em época eleitoral

- o último desses escândalos - afinal, são agentes da lei agindo contra a lei - envolve a revista Veja, as eleições para presidente da República, a presidenta em exercício a quem a PF deve deferência e obediência legal, um ex-presidente e um "vazamento" que mostrou-se falso...

- o escândalo do Metrô de São Paulo, cujo processo contava com delação premiada de executivos da Siemens foi "arquivado" no STF.

- a suspensão de financiamento empresarial de campanha está sob "vistas" de Gilmar Mendes, o único que ainda não votou...

- há um cheiro de podre nesse reino ou é mais uma "teoria da conspiração"?

segunda-feira, 27 de outubro de 2014

Francisco Fonseca: A que(m) serve o sistema político brasileiro? - Le Monde Diplomatique Brasil

Francisco Fonseca: A que(m) serve o sistema político brasileiro? - Le Monde Diplomatique Brasil



ARTIGO
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UM ENTRAVE A GRANDES TRANSFORMAÇÕES
A que(m) serve o sistema político brasileiro?
A arquitetura do sistema político brasileiro implica a proteção dos proprietários em detrimento da maior parte dos cidadãos. Afinal, tanto para se eleger como para governar os partidos políticos que chegam ao poder necessitam, inescapavelmente, negociar compromissos assumidos durante as eleições e o próprio “programa”
por Francisco Fonseca


O mal-estar da sociedade brasileira, mesmo com os grandes avanços que vêm se processando desde a última década e meia (e mesmo desde a Constituição de 1988), aponta primordialmente para o sistema político. Direta ou indiretamente, em particular as manifestações de junho de 2013 escancararam, com base nos graves problemas do cotidiano dos brasileiros, as feridas de um sistema claramente incapaz não apenas de resolvê-los, mas, sobretudo, de dar vez (e, em certo sentido, voz) aos reclamantes, notadamente os pobres.

Entende-se por sistema político o conjunto de normas e instituições que regulam os conflitos por meio de canais de expressão e resolução. É constituído por – na falta de melhor denominação – “subsistemas”: partidário, eleitoral, os poderes constituídos e suas diversas instituições, o regime federativo, e mesmo a mídia (que atua como poder paraestatal). Trata-se, portanto, de institucionalidade formal que, contudo, como veremos, convive e se articula com mecanismos informais de naturezas diversas.



A lógica do sistema político brasileiro

A atual moldura do sistema político brasileiro foi criada durante o último período militar (governo Figueiredo), e suas características se mantêm, com algumas poucas transformações, até os dias de hoje. Vejamos as principais características, sem a pretensão de esgotá-las:

• Financiamento privado das campanhas e partidos. Embora formalmente o financiamento seja misto (público, via fundo partidário e privado, por meio de doações, notadamente de empresas), na prática é largamente privado, tendo em vista o chamado caixa dois. Mas deve-se ressaltar que mesmo o financiamento privado legal, em que há leis e controles, é, por princípio, ilegítimo, em razão da assimetria econômica que impõe aos partidos. Em qualquer sentido, a vida pública tornou-se essencialmente organizada pelo poder privado do capital e, além disso, a própria dinâmica do poder implica relações ocultas – que permanecem mesmo com os avanços nos processos de transparência –, por meio da ampla rede de fornecedores privados.

• Multipartidarismo extremamente flexível, pouco representativo e estimulador do “mercado da política”. Embora a existência potencial de diversos partidos seja fundamental à democracia, uma vez que pode permitir a expressão de interesses e visões de mundo distintos, o multipartidarismo criado pelo general Golbery objetivava justamente a pulverização das forças políticas de oposição de tal modo que não tivessem poder suficiente para derrotar o statu quo civil-militar. Consolidada a retirada dos militares da cena política, o multipartidarismo teve outros objetivos, para além da pluralidade político-ideológica expressa nos diversos partidos, tais como: a) a formação de alianças eleitorais,em larga medida não programáticas, tendo em vista a soma do tempo de rádio e TV referente à propaganda eleitoral; b) a coalizão – inclusive com vários dos partidos derrotadosnas eleições – para a composição de maiorias após a vitória eleitoral,igualmente não programáticas, com vistas a constituir uma “base governista” ampla capaz de aprovar medidas de governo; e c) o chamado “balcão de negócios”, em que barganhas dos referidos tempos no rádio e na TV e na formação de alianças, assim como todo tipo de “varejo” parlamentar perante o Executivo, tornaram-se o modus operandida vida política.

• Não consolidação dos partidos políticos como agentes de representação social popular, uma vez que a lógica sistêmica da vida política implica tanto a “privatização da política” como a ocupação dos espaços institucionais pelos partidos da “ordem”, cujos interesses fulcrais são a defesa do capital e das classes médias e superiores. Esse processo é, contudo, enevoado pelo discurso da “eficiência”, da “eficácia”, do “empreendedorismo” e quejandos. A infidelidade partidária (apenas recentemente minorada por decisão do Tribunal Superior Eleitoral, mas driblada pela nova onda de criação de partidos) apenas confirma esse postulado.

• Acesso ao rádio e à TV a todos os partidos com representação federal independentemente de sua representatividade social. Dessa forma, os chamados “partidos de aluguel” – jargão político trágico da vida institucional –, cuja representação parlamentar é minúscula, obtêm todas as (diversas) benesses do sistema político, reforçando a pulverização e a privatização da vida política.1

• Não transparência quanto ao uso dos recursos eleitorais (apenas as doações legais são efetivamente fiscalizadas pela ação da Justiça Eleitoral), uma vez que a prática do caixa dois é complexa e em larga medida vigente no cotidiano da vida político-administrativa: daí a espessa névoa que encobre inúmeros processos licitatórios no contexto da relação entre poder público e setores do capital. Em outras palavras, o financiamento privado ilegal não ocorre apenas em períodos eleitorais, pois tende, sobretudo após a “emenda da reeleição” – verdadeiro golpe branco desferido contra a democracia pelo governo FHC –, a fazer parte do cotidiano de quem assume o poder, excetuados os que lutam contra a roldana do sistema.

• Baixo controle social, em termos institucionais, dos cidadãos perante os representantes eleitos, cujo mandato se torna “propriedade” destes, o que faz da representação política arena de negociação distante e muitas vezes em oposição aos interesses populares. Portanto, quanto mais distante do cidadão comum, mais privatizado e elitista se torna o sistema político.

• Destituição dos poderes do Parlamento quanto à proposição da “agenda” política e de políticas públicas transformadoras, em contraste ao potencial lócus de representação plural e particularmente popular. A chamada “crise do Parlamento” é, dessa forma, estratégica ao jogo das elites, uma vez que o rebaixamento do Legislativo implica hipertrofia do Executivo, em que a tomada de decisão é infinitamente mais rápida e informal.

• Sistema eleitoral voltado tanto à desvalorização dos partidos – enquanto instituição, com a consequente personificação de indivíduos – quanto à pulverização e fragmentação da representação partidária. Ressalte-se que a personificação tem potencial desmobilizador da ação coletiva.

• Sistema midiático oligopolizado e oligárquico, notadamente a rede concessionária de TVs e rádios, articulada a jornais, revistas e portais, cujos órgãos atuam como verdadeiro “Partido da Imprensa Golpista”, conforme expressão notabilizada por Paulo Henrique Amorim. A mídia é um ator político paraestatalcom grande poder de influenciar tanto a percepção social da vida política como a formação de consciências. É claramente partícipe do jogo político, embora estrategicamente seu discurso oculte tal atuação. Deve-se, dessa forma, considerá-la como parte do sistema político, o que implica necessariamente sua reforma, à luz, por exemplo, do que ocorreu na Argentina por meio da Ley de Medios.

Apesar de claramente disfuncionais à representação dos interesses populares, essas características são justificadas pelo debate político e pela ciência política dominante como garantidoras da chamada “governabilidade”, isto é, das condições de obtenção de maioria para governar, nos respectivos parlamentos, com vistas à consecução dos objetivos da coalizão de governo.



Sistema político vs. interesses populares

Essa forma de organização do sistema político claramente não contempla grande parte dos interesses populares – voltados à resolução dos ainda graves problemas do cotidiano, relacionados tanto ao emprego e à renda como ao acesso a bens e equipamentos públicos e privados –, que passam em larga medida pela reversão de prioridades em termos de agenda e de orçamento. Aliás, o travamento decisório de inúmeros temas que afetam os brasileiros, em especial os pobres, fundamentalmente garante o statu quo. Entre esses temas estão, além de inúmeros outros exemplos, a reforma tributária, uma vez que os impostos, ao serem indiretos, tributam pesadamente os pobres; a dívida interna, nas mãos de cerca de 20 mil famílias e dos bancos; o papel dos bancos e do capital especulativo, altamente lucrativos e sem responsabilidades sociais; o papel e financiamento do agronegócio, que sorve parte significativa dos recursos orçamentários da agricultura, em detrimento da produção agrícola familiar; o papel do BNDES como agente de financiamento a grandes empresas, sem controle social; o oligopólio da mídia e a não regulamentação da Constituição quanto ao papel dos meios de comunicação.

Aos movimentos sociais, essa dinâmica não tem passado despercebida, como se pode observar no manifesto do Grito dos Excluídos, publicado no dia 7 de setembro: “A estrutura do Estado brasileiro historicamente tem servido aos interesses das elites e para a manutenção de seu poder sobre os/as trabalhadores/as, os/as excluídos/as, sobre o povo brasileiro. Poucos são os espaços nos quais o povo tem realmente sua voz escutada e poucas são as oportunidades de interferir nos rumos da política em geral, especialmente na construção de políticas públicas voltadas para a maioria da população. Nos últimos anos temos presenciado essa estrutura de poder oprimindo as populações quilombolas, indígenas, ribeirinhas pelo desrespeito a sua cultura e seus territórios. Nas regiões rurais, indígenas e sem-terra têm seus direitos violados em favor dos empresários do agronegócio. Nos estados e municípios, principalmente nas regiões periféricas, as polícias militares matam jovens, principalmente os negros homens entre 15 e 29 anos. As forças de repressão perseguem lutadoras e lutadores, organizados ou não, que protestam por um país mais justo e igualitário. A estrutura do Judiciário opera com dois pesos e duas medidas, atuando em favor dos poderosos e contra o povo. As eleições para os cargos legislativos e executivos são um grande balcão de negócios e impedem, através das regras de organização eleitorais, que mulheres, negros/as, sem terra, trabalhadores/as, indígenas, quilombolas e outros setores populares da sociedade acessem os espaços de exercício do poder. O sistema político impede avanços sociais de interesse do povo”.2

Como se observa, o sistema político é apercebido pelos movimentos populares – o excerto citado é apenas uma amostra, representativa, do pensamento de outros tantos movimentos – como distante e elitista, portanto, não representativo da pluralidade dos interesses sociais e sobretudo da maior parte dos cidadãos.

Mesmo movimentos mais propriamente institucionalizados, como a Coalizão pela Reforma Política Democrática e Eleições Limpas, assume posição bastante similar, pois: “[O] Congresso impede que tais reformas [democrático-populares] sejam aprovadas. Isso porque parte dele representa os interesses de uma pequena parcela da sociedade que financia as campanhas eleitorais, ou seja, de algumas poucas empresas. Assim, as necessidades da maioria da população nunca são atendidas de verdade. É isso que causa grande parte da corrupção política gerando inclusive a atual crise de representatividade no país. Só com uma reforma política democrática será possível superar tais problemas que degradam a democracia brasileira”.3

Como se vê, reitera-se aquilo que, em perspectiva internacional, foi apontado pelo movimento Occupy Wall Street como “We are 99%”, isto é, a percepção popular de que o sistema político não apenas não representa a maioria esmagadora das pessoas comuns, como também, sobretudo, é apropriado privativamente pela minúscula parcela do capital: uma verdadeira plutocracia encoberta pela “democracia formal”.



Sistema político voltado à proteção das elites

Essa arquitetura do sistema político brasileiro implica essencialmente a proteção dos proprietários (de diversas frações do capital) em detrimento da maior parte dos cidadãos. Afinal, tanto para se eleger (reitere-se o papel do financiamento privado e das coligações para obtenção de tempo no rádio e na TV) como para governar (“dívida” para com os financiadores e necessidade de maioria parlamentar para ter “governabilidade”), os partidos políticos que chegam ao poder necessitam, inescapavelmente, negociar compromissos assumidos durante as eleições e o próprio “programa” de governo.

Decorre daí a formulação de políticas públicas tímidas, uma vez que não podem atentar contra grandes interesses constituídos, e contraditórias, pois necessitam contemplar as coalizões – de partidos “da ordem” com os que só existem por “jogar o jogo” institucional. Tudo isso impede a efetivação de reformas “radicais”.

Dessa forma, as chamadas “reformas progressistas”, colocadas em prática pelos governos Lula e Dilma na área social, só podem ocorrer de forma incremental, tímida e sem assustar as elites. É por isso que muitos dos grandes gargalos estruturais não são destravados, tais como: sistema judiciário-prisional apenas voltado aos pobres; reforma agrária e política agrícola tímidas; poder desmesurado dos bancos e do capital financeiro; desmontagem progressiva da CLT; ainda pequena proporção do PIB nos gastos sociais; intocabilidade da taxação às grandes fortunas; poder desmesurado do agronegócio; intocabilidade da mídia; entre inúmeros outros.

Pode-se dizer, portanto, que o sistema político brasileiro rigorosamente constrange os partidos políticos que lutam pela diminuição “radical” da desigualdade social. As políticas públicas, isto é, o conteúdo da democracia, são, dessa forma, moldadas de acordo com essa estrutura inabalada do sistema político, o que implica atraso quanto ao desenvolvimento social (mensurado por indicadores como o Índice de Gini, o IDH e tantos outros), proteção às elites econômicas e distanciamento entre sistema político e os que mais precisam dele!



A reforma do sistema político

Reformar o sistema político, embora não seja panaceia, é, portanto, tarefa urgente para relegitimar a democracia brasileira, aproximando-a do cidadão comum e dando-lhe instrumentos para, naquilo que cabe à ação política institucional, poder haver a presença dos interesses populares. Como se observa pela experiência, os movimentos sociais são particularmente responsáveis por essa tarefa, uma vez que a lógica do sistema político tende a engolir os partidos institucionais num círculo vicioso assim constituído: sistema partidário/eleitoral privatizante; lógica institucional que veta grandes transformações; democracia formal e plutocrática.

Os perigos desse sistema, cuja disfuncionalidade é igualmente sistêmica, apresentam-se tanto nas ruas (ressurgimento da extrema direita, por exemplo) como em aventuras eleitorais, que, aliás, vimos no passado e são potencialmente presentes (caso do discurso despolitizante de Marina Silva).

Trata-se de tarefa urgente!



Francisco Fonseca
é mestre em Ciência Política e doutor em História, professor de Ciência Política na FGV-SP e autor de diversos artigos e livros, entre os quais O consenso forjado – A grande imprensa e a formação da agenda ultraliberal no Brasil (2005) e Liberalismo autoritário – Discurso liberal e práxis autoritária na imprensa brasileira (2011), ambos pela Editora Hucitec.


Ilustração: Daniel Kondo


1  É claro que os pequenos partidos ideológicos sofreriam com uma reforma política, caso houvesse, por exemplo, a instituição da “cláusula de barreira”, o que geraria enorme crise de legitimidade. Contudo, instrumentos como “federação de partidos”, em que pequenos partidos possam somar, por afinidade, seu eleitorado, seriam uma saída, entre outras. Não há reforma sem impactos múltiplos. A questão central diz respeito à “desprivatização” da vida pública, no limite do que cabe à ação política, ao aumento da representatividade popular e ao fim da “democracia plutocrática”.
2  Disponível em: www.redebrasilatual.com.br/cidadania/2014/09/no-dia-da-independencia-grito-dos-excluidos-pede-politica-capaz-de-mudancas-estruturais-8024.html.
3 Disponível em:www.reformapoliticademocratica.org.br/conheca-o-projeto/.
02 de Outubro de 2014
Palavras chave: Reformasistemapolíticoeleiçõesgovernopartidosconstituinteinteressesempresas,campanhafinanciamento

sábado, 25 de outubro de 2014

Azenha: bala de prata foi tiro no pé | Conversa Afiada

Azenha: bala de prata foi tiro no pé | Conversa Afiada







Azenha: bala de
prata foi tiro no pé

Dilma aplicou Veja no Itaúúú do Aecioporto – PHA
Conversa Afiada reproduz artigo de Luiz Carlos Azenha, extraído do Viomundo:

DEBATE NA GLOBO: DE CARA, DILMA NEUTRALIZA A BALA DE PRATA


por Luiz Carlos Azenha


A famosa “bala de prata”, que poderia modificar os votos dos indecisos, foi neutralizada de cara pela presidente Dilma Rousseff, já na abertura do debate da TV Globo.


Ela atacou a credibilidade não só da revista Veja, como também da IstoÉ, que mais uma vez neste fim de semana fez jus ao apelido jocoso de QuantoÉ.


Diríamos que este foi o debate do alprazolam, a droga que é o sossega leão dos ansiosos.


Aécio Neves cometeu algumas gafes, como quando se referiu ao inexistente Ministério do Desenvolvimento Econômico ou disse que é um orgulho ter um pedaço do Nordeste “incrustrado” em nosso território, Minas Gerais. Reproduziu, assim, o preconceito comum de uma pequena fatia dos mineiros em relação às terras cantadas por Guimarães Rosa.


Por outro lado, o senador foi bem quando disse que a melhor forma de combater a corrupção é tirando o PT do poder. Foi bem, ainda, quando disse que o governo de FHC “tirou a inflação das costas do brasileiro”. Friso: do ponto-de-vista da retórica.


Já Dilma foi muito feliz quando popularizou seu discurso e recorreu a uma frase do humorista José Simão, segundo o qual os tucanos criaram, em São Paulo, o programa “Meu banho, minha vida”.


Além disso, a candidata governista insistiu nas coisas que realmente importam não só para os indecisos, mas para os brasileiros em geral: emprego e salário. No frigir dos ovos, é isso o que conta. O grande terror de qualquer brasileiro, em qualquer tempo, é o desemprego.


No conjunto da obra, Dilma fez o necessário para impedir uma grande surpresa de última hora. Se de fato Aécio precisava de uma grande virada para vencer as eleições de domingo, não teve êxito.


Se a capa de Veja foi a bala de prata da oposição, melhor caracterizá-la como um tiro no pé.



Em tempo: saiu no Estadão:

TSE PROÍBE ‘VEJA’ DE FAZER PROPAGANDA DE CAPA COM DILMA E LULA


Brasília – O Tribunal Superior Eleitoral (TSE) concedeu liminar na noite desta sexta-feira, 24, que proíbe a editora Abril, responsável por publicar a revista Veja, de fazer propaganda em qualquer meio de comunicação da reportagem de capa segundo a qual a presidente Dilma Rousseff e o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva teriam conhecimento do esquema de corrupção da Petrobrás. A reportagem diz se basear em depoimento prestado na última terça-feira, 21, pelo doleiro Alberto Youssef no processo de delação premiada a que ele se submete para ter direito à redução de pena.


O pedido para impedir a publicidade da matéria foi apresentado pela campanha de Dilma na tarde desta sexta-feira. A defesa da petista requereu ao tribunal que a revista se abstivesse fazer propaganda de sua capa, que tem, na opinião dos advogados de Dilma, conteúdo ofensivo à candidata à reeleição. Para a campanha petista, uma eventual publicidade do caso tem por objetivo único beneficiar a candidatura do tucano Aécio Neves.


A ação da defesa de Dilma se ampara no artigo da Lei das Eleições que prevê que a propaganda eleitoral no rádio e na televisão restringe-se ao horário gratuito, sendo proibida a veiculação de propaganda paga. Essa mesma vedação, segundo campanha da petista, é estendida à divulgação de propaganda na internet e por meio de outdoors. Em caso de descumprimento da liminar, os advogados de Dilma cobram a aplicação de multa de R$ 1 milhão por veiculação proibida.


(…)



Leia mais:

VEJA, CACHOEIRA E POLICARPO. A FOLHA CORRIDA DE TERRORISTAS


TV: DILMA PÕE NO ITAÚÚÚ DA VEJA



E vote na trepidante enquete do C Af:

Desespero da Veja: por que o jn amarelou?
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quinta-feira, 23 de outubro de 2014

Um conjunto de argumentos sobre as eleições, ou porque votar em Dilma

Caros amigos, saudações.

Acredito que fiz minha parte nesse momento da história brasileira e, por isso, resolvi me recolher. Não vou postar mis nada, a não ser que haja algo que me obrigue a isso (ainda teremos o debate na Globo que, historicamente, costuma editá-lo em favor de seu candidato - na época o Collor). Mas, antes gostaria de fazer algumas considerações...

Infelizmente, discordo dos argumentos contra o PT, pelo menos em parte.
Isso não quer dizer concordar com o partido e suas ações em geral, mas acreditar que "é preciso defenestrar o projeto neoliberal que Aécio e PSDB defendem e representam". Afinal, é necessário garantir que haja um país para vivermos no futuro...

Acredito que políticas sociais não demandam péssimas condições de vida para acontecerem, mas sim ação política na esfera pública. Ação dos agentes sociais em defesa de direitos sociais e qualidade de vida. Não é comum que haja ativismo social em condições sociais que avançam. No entanto, é preciso garantir um mínimo de segurança patrimonial e liberdade (em sentido lato) à população brasileira e seus agentes sociais - incluindo a mídia - para que isso seja conquistado no futuro, seja próximo ou distante.

Há diferenças relevantes entre os projetos desses dois partidos, sim. As receitas socioeconômicas  do neoliberalismo aplicadas ao mundo não só afundaram as mais poderosas economias do século passado, como tem feito avançar posições mais conservadoras (eu diria, fascistas - correndo o risco de anacronismos) em países europeus, cuja tradição e cultura política são muito mais tradicionais, sofisticadas e consolidadas que as nossas.

Assim, embora não acredite que vá convencer ninguém, não tenho dúvida que nesse momento histórico é preciso garantir os avanços conquistados, pensando que esse é o caminho para aprofundar uma democracia popular. Não podemos nos esquecer que os avanaços que vemos hoje no BRasil foram conquistados na Europa no pós-guerra, auge da guerra fria, com suas consequências - "estado de bem estar social". Mas, essa mesma situação foi-se deteriorando ao longo dos anos, culminando por chegar no que se tem hoje no Velho Mundo: crescimento vertiginoso do pior tipo de conservadorismo e da direita.
Torço para que esteja muito errado se PSDB vencer e muito certo se a vitória for o PT.

Saravá!

Falta consciência política: Deputados aliviam dívidas de desvios de dinheiro público

Bom dia!

Notícia para termos uma ideia do que anda acontecendo entre as velhas raposas políticas: absurdo maior impossível.

FSP, hoje: "Deputados aliviam dívidas de desvios de dinheiro público

A Câmara dos Deputados aprovou medida que anistia parte das dívidas de condenados por desvios de recursos públicos. Pelo texto, que passará pelo Senado, as dívidas serão pagas com redução de juros e poderão ser parceladas em até 15 anos. O mecanismo foi incluído por emenda do senador Gim Argello (PTB-DF) na medida provisória do Refis, programa de parcelamento de dívidas tributárias. (Poder a4)"

O cara rouba e depois tem direito a financiamento e redução da dívida. 
PQP! 
Esse é o problema de eleitores que votam em bolsonaros, malufs e tiriricas, caiados, calheiros, saneys, etc. Esse é o problema do brasileiros: falta consciência política. 

sexta-feira, 26 de setembro de 2014

Sobre os avanços que o Brasil realizou durante os governos do PT






Mudaram de opinão, mas só depois que a ONU aprovou... Só assim, depois que um órgão internacional reconhece, reiteradamente, que o governo do PT realizou um avanço incontestável e histórico...

Um país cuja classe média - que aspira ser rica kkkkk! - não é capaz de reconhecer dados "empíricos" tão óbvios, merece "alcançar" a economia europeia e seus índices de desemprego.
Salve a classe média mais estúpida do mundo!

Como dizia o filósofo Tim Maia - mais inteligente que carvalhos e lobos, diga-se - o Brasil é o único país do mundo onde pobre é de direita (embora isso esteja mudando) e - eu acrescentaria - alguns segmentos da esquerda combatem a esquerda no poder, ainda que isso beneficie a direita.  Hilário se não fosse trágico.

terça-feira, 9 de setembro de 2014

Venício: manchetômetro até na foto ! | Conversa Afiada

Venício: manchetômetro até na foto ! | Conversa Afiada



A CAPA DO ‘CORREIO BRAZILIENSE’


Por Venício A. de Lima em 09/09/2014 na edição 815


A foto abaixo (11,8 x 19,6 cm, na edição original) está na primeira página da edição de segunda-feira (8/9) do Correio Braziliense (VER AQUI). É de autoria do fotógrafo Daniel Ferreira, que trabalha para o Correio e para a D.A. Press, ambos do grupo dos Diários Associados.


Estando na capa, por óbvio, trata-se de uma escolha e é de responsabilidade dos editores do jornal.



Observe o leitor(a) que a foto coloca deliberadamente o rosto da presidente da República, Dilma Rousseff, na mira de uma metralhadora do carro blindado do Exército Brasileiro, que desfila na parada de 7 de setembro, em Brasília.


Qual a mensagem implícita/explícita na foto?


É normalmente aceito como sendo de Confúcio, filósofo chinês que viveu no século V antes de Cristo, a conhecida frase “uma imagem vale mais que mil palavras”. Os que vivemos no mundo contemporâneo sabemos que a afirmação de Confúcio permanece atualíssima, vinte e cinco séculos depois, nestes tempos marcados por imagens de todos os tipos, do cinema, da televisão, das fotos popularizadas digitalmente nas redes da internet.


O que estaria o Correio Braziliense sugerindo a seus leitores(as) com a foto publicada na capa do jornal?


Nela está a maior autoridade da República brasileira, no palanque oficial, rodeada de outras autoridades constituídas, assistindo ao desfile da data símbolo da pátria brasileira: o 7 de setembro, dia de nossa independência.


A foto foi cuidadosamente selecionada, entre centenas de outras disponíveis. É, portanto, legítimo concluir que havia, sim, uma intenção orientando a escolha.


O jornalista que fez a edição da foto para o Correio Braziliense (e respondeu a meu e-mail sobre as razões da escolha) a considerou excelente e a melhor ilustração para o noticiário político do dia.


CREDIBILIDADE DA DEMOCRACIA


Para além da partidarização inequívoca da grande mídia brasileira e diante de exemplos sucessivos, parece que ela não está sendo capaz de fazer uma distinção fundamental, sobretudo agora, em tempos de campanha eleitoral: a distinção entre o ritual dos cargos públicos, os símbolos nacionais, a institucionalidade da política, dos políticos, dos ocupantes dos mais elevados cargos públicos da democracia representativa brasileira; e sua opinião/posição (dela, grande mídia) em relação a esses eventuais ocupantes.


As consequências dessa “não-distinção” podem ser trágicas para a própria democracia. Ao se desrespeitar reiteradamente eventuais ocupantes de altos cargos públicos, inclusive em fotos com insinuações inconfessáveis, esse desrespeito é transferido para as instituições e a credibilidade da própria democracia. Como mostrou há décadas a professora Maria do Carmo Campello de Souza, “o teor exclusivamente denunciatório de grande parte das informações [dos meios de comunicação] acaba por estabelecer junto à sociedade (…) uma ligação direta e extremamente nefasta entre a desmoralização da atual conjuntura e a substância mesma dos regimes democráticos”.


No atual nível de partidarização da grande mídia brasileira, não há solução de curto prazo para que se desfaça esta confusão nefasta. A cobertura adversa e a desqualificação da polÍtica e dos políticos é sua pauta preferencial. Resta torcer para que a democracia representativa brasileira sobreviva a uma grande mídia que, apesar de se apresentar como sua principal defensora, corrói, cotidiana e reiteradamente, seus fundamentos mais caros.


A ver.


***


Venício A. Lima é jornalista e sociólogo, professor titular de Ciência Política e Comunicação da UnB (aposentado), pesquisador do Centro de Estudos Republicanos Brasileiros (Cerbras) da UFMG e organizador de Para Garantir o Direito à Comunicação – A Lei Argentina, o Relatório Leveson e o HGL da União Europeia, Perseu Abramo/Maurício Grabois, 2014; entre outros livros



Clique aqui para ler “Manchetômetro: Dilma perde de 234 a 18″.

Aqui para ler “Manchetômetro: jn surra Dilma por 82 a 3″.

aqui para ler “Manchetômetro: PiG lincha a Dilma !”.

sexta-feira, 5 de setembro de 2014

Ibope: católicos e os mais pobres estão com Dilma Rousseff; Marina Silva tem evangélicos e os mais ricos a seu lado

Ibope: católicos e os mais pobres estão com Dilma Rousseff; Marina Silva tem evangélicos e os mais ricos a seu lado

http://www.brasilpost.com.br/2014/09/04/dilma-marina-detalhes-ibope_n_5765458.html?fb_action_ids=10204853190555870&fb_action_types=og.likes

Tem mais gente nessa lista! Eu diria que também têm aqueles que avaliam o qua ocorreu no Brasil depois do fim da ditadura estão com a Dilma Rousseff. Na Educação, dobrar o número de universidades públicas e decuplicar os Institutos de Educação Tecnológica são medidas governamentais nunca haviam sido, nem mesmo propostas, por qualquer governo. Isso é uma revolução na Educação! Um investimento vigoroso e responsável no futuro, uma obra para as próximas gerações. Acabar com a miséria extrema e melhorar as condições de vida da MAIORIA da população brasileira era algo que nem a esquerda  considerava possível, sem revolução - pelo menos desde o final dos anos 1970 em diante, não. Houve recontrução da indústria naval, pesados investimentos em infraestrutura, reconquisata e crescimentos - incluindo o pré-sal - na indústria petrolífera e na petrobrás. ..... Os governos do PT se envolveram em corrupção? Estupidamente, sim! Mas, isso ocorreu no mesmo pais no qual os dois governos anteriores, os piores da história, mas que COMPRARAM: Sarney, com  maior inflaçãodo mundo, ampliou seu mandato para cinco anos; FHC CON$$$$$$EGUIU a reeleição, na maior onda de desemprego do período pós ditadura. A DILMA ainda propôs, no ano passasdo, época das manifestações, o fim do financiamento privado de campanha que poria fim à corrupção mais expressiva, pelo menos desde as eleições dos anos 1950. Sobre os atuais candidatos: haja aeroporto, aviões caindo, bancos e empresários cuja trajetória é, deliberadamente, contrária a maioria. Veajmos: ser contrário a maioria da população é legítimo numa democracia.... desde que você faça parte da minoria.... caso contrário, é burrice mesmo! 

quarta-feira, 3 de setembro de 2014

Programa da ex -senadora plagia trechos de plano de FHC

Programa da ex -senadora plagia trechos de plano de FHC

O programa de governo da candidata do PSB ao Planalto, Marina Silva, plagiou trechos inteiros do Plano Nacional de Direitos Humanos lançado pelo ex-presidente Fernando Henrique Cardoso (PSDB) em 2002. Dos dez itens defendidos pela ex-senadora, quatro foram integralmente copiados. O plágio foi revelado pelo tucano Aécio Neves. Procurada, a campanha do PSB não se manifestou. (Poder A5)

Depois dizem que o país não tem solução...

Mas, um candidato faz aeroporto particular para pouso sabe-se lá de que tipo de aeronave. Talvez helicóptero, sem dono... Os outros, da "nova" política, voam em aviões sem dono, obedecem a pastores inescrupulosos e plagiam programas de governo. Um agravante é que o governo plagiado causou recessão, desemprego, privataria, recorrendo ao FMI em três ou quatro momentos... Ou seja, suas realizações se resumem a vender patrimônio público, cujo dinheiro da venda, ninguém sabe, ninguém viu....Brincadeirinha infame: VALE  me Deus!

Voto e choro são livres!  Só não vale, depois, botar a culpa nos políticos, no Brasil, em Deus. A culpa é dos eleitores irresponsáveis que sabendo dessas mazelas ainda votam neles.
A responsabilidade pelo que acontecer é do eleitor!

segunda-feira, 4 de agosto de 2014

"APENAS TORCEDORES. NADA MAIS!" Coimbra e as “previsões” do mercado | Conversa Afiada

Coimbra e as “previsões” do mercado | Conversa Afiada

AS “PREVISÕES” DO MERCADO



As análises eleitorais do setor financeiro são hoje pouco mais que exercícios do wishful thinking, quando não armações para lucrar
por Marcos Coimbra 

Uma das peculiaridades do momento atual é a intensa e despropositada divulgação das especulações do mercado financeiro a respeito da eleição presidencial. Quase todo dia, a mídia oposicionista faz circular prognósticos eleitorais de bancos e consultorias. E trata-os como se merecessem crédito especial. Talvez considere que nessas empresas existam especialistas notáveis da vida política brasileira, cujas opiniões e pontos de vista precisariam ser conhecidos por todos.

Sem subestimar a competência dos profissionais do mercado financeiro, é fantasia imaginar que possuam grande habilidade analítica em assuntos políticos e eleitorais. Ao contrário, a regra é que estejam improvisados circunstancialmente no papel de “analistas políticos”, o que deixarão de ser tão logo passe a eleição. Em três meses, lá estarão de volta aos afazeres que conhecem, na interpretação de cenários do agronegócio no Piauí, da indústria de calçados ou do comércio de bebidas.

Os bancos, as consultorias econômicas e outras instituições financeiras, nacionais ou não, claro está, têm o direito de elaborar análises da situação política brasileira. E não é de hoje que monitoram os processos eleitorais, para avaliar o impacto dos resultados em seus negócios. Desde a eleição de 1994, muitos dos mais importantes tornaram-se clientes de institutos de pesquisa, às vezes por meio da contratação de pesquisas próprias, às vezes na busca de assessoramento técnico.

Duas coisas são diferentes neste ano. De um lado, há uma proliferação de atores menores, pequenas empresas que buscam espaço no campo das “previsões eleitorais”, algumas no esforço de vender um know-how que não possuem. Quem dispuser de dinheiro para jogar fora que as compre.

De outro, e mais importante, temos atualmente, na imensa maioria dessas “análises”, um extraordinário predomínio do desejado em relação ao observado. Nas “previsões eleitorais” disponíveis, o que encontramos é o retrato do que seus autores gostariam de ver, não do que é mais provável.

Isso fica claro no uso seletivo das pesquisas e na relutância em aceitar o que elas mostram de fato. É o inverso do que o mercado fez em eleições passadas, quando recebia os números com a cautela devida, mas não brigava com eles.

Hoje, a regra passou a ser não acreditar no que as pesquisas dizem e procurar pretensos significados “ocultos”, escondidos nas entrelinhas.

A larga vantagem de Dilma Rousseff, que tem, sozinha, mais intenções de voto do que a soma dos adversários? O fato de ela ter o dobro do segundo colocado e quase cinco vezes o obtido pelo terceiro? A constatação de que os “outros candidatos” sempre terminam com desempenho modestíssimo na urna e são irrelevantes para propiciar o segundo turno? A dianteira da presidenta ante todos em um possível segundo turno? Não dizem nada para quem gasta tempo a perscrutar tabulações e cruzamentos de dados à cata de algum sinal negativo para a presidenta.

E nossa história eleitoral, que indica que quem mais cresce quando começa a propaganda eleitoral na tevê e no rádio são os candidatos à reeleição? E a experiência internacional, que mostra que o “tempo de antena” é um fator decisivo nas eleições modernas? Nada, tudo seria irrelevante, pois viveríamos agora em um hipotético mundo pós-televisivo, no qual o eleitorado conheceria e selecionaria os candidatos por meio das redes sociais.

Engraçado: nas pesquisas esses analistas enxergam apenas o que lhes interessa: a “vontade de mudança”, a “rejeição a Dilma”, o “desgaste do PT”. Para isso serviriam, mas, para qualquer outra coisa, poderiam ser desconsideradas.

As “análises eleitorais” do mercado são hoje pouco mais que exercícios de wishful thinking (quando não são armações para lucrar à custa dos incautos). Os responsáveis por elas fazem “previsões” com base nos desejos de um determinado resultado. Preferem a derrota de Dilma e a anunciam ao mundo.

Lembram o que alguns “analistas” brilhantes da mídia oposicionista ofereceram aos diplomatas norte-americanos na última eleição e o WikiLeaks revelou: um monte de interpretações equivocadas e previsões furadas. No fundo, são muito semelhantes aos comentaristas e colunistas da mesma mídia hoje em dia. Apenas torcedores. Nada mais.

segunda-feira, 28 de julho de 2014

Reinaldo Azevedo e a direita delirante: uma analise pertinente.

Reproduzo o texto da Folha de São Paulo do colunista Guilherme Boulos com alguns destaques...

http://www1.folha.uol.com.br/colunas/guilhermeboulos/2014/07/1490579-reinaldo-azevedo-e-a-direita-delirante.shtml

Veja sobre essa escalada da direita "delirante": http://blogdaboitempo.com.br/2014/07/02/que-fim-levou-a-direita-ilustrada/



Reinaldo Azevedo e a direita delirante

A direita brasileira já foi melhor. Teve nomes como Roberto Campos e José Guilherme Merquior entre seus quadros, formulando sobre teoria econômica e política internacional. Naquele tempo, a direita recorria a argumentos, além do porrete. Hoje restou apenas o porrete, aplicado a esmo sem maiores requintes de análise.
Impressiona o baixo nível intelectual dos representantes da direita no debate público nacional. Não elaboram, não buscam teoria nem referências. Não fazem qualquer esforço para interpretar seriamente a realidade. Apenas atiram chavões, destilando preconceitos de senso comum e ódio de classe.
Reinaldo Azevedo é hoje o maior representante dessa turma. Com 150 mil acessos diários em seu blog mostra que há um nicho de mercado para suas estripulias. Ao lado dele tem gente como Rodrigo Constantino, aquele que se orgulha das viagens a Miami e se despontou como legítimo defensor dos sacoleiros da Barra da Tijuca.
Antes os "intelectuais" (sic; Abdala) de direita iam fazer estudos em Paris. Agora vão comprar roupas em Miami. Sinal dos tempos e das mentes.
Dispostos a tudo para fazer barulho no debate público, mas sem substância em suas análises, aproximam-se frequentemente de um discurso delirante.
Reinaldo Azevedo jura que o governo petista quer construir o comunismo no Brasil. E vejam, ele não está falando do Lula de 1989, mas do governo do PT de 2003 a 2014. Sim, o mesmo que garantiu lucros recordes aos bancos e empreiteiras na última década. Que manteve as bases da política econômica conservadora e que nem sequer ensaiou alguma das reformas populares historicamente defendidas pela esquerda. Neste governo que, com muito esforço, pode ser apresentado como reformista, ele enxerga secretas intenções socializantes. Certamente com o apoio da Odebrecht e de Katia Abreu. Só no delírio...
Para ele, João Goulart é que era golpista em 64. Os black blocs são amigos do ministro Gilberto Carvalho. E as pessoas só são favoráveis às faixas exclusivas de ônibus por medo de serem acusadas de elitistas. Ah sim, sem esquecer que a mídia brasileira - a começar pelas Organizações Globo - é controlada sistematicamente pela esquerda.
Ele baba, ele xinga. Ofende os fatos e fantasia perigos. Lembra, embora com menos poesia, dom Quixote atacando os moinhos de vento.
A pérola mais recente é escabrosa: Israel seria vítima do marketing internacional do Hamas. No momento em que o mundo vê a olhos nus centenas de palestinos serem massacrados na Faixa de Gaza, ele denuncia uma conspiração internacional de mídia contra o Estado de Israel. Encontrou eco no também direitista delirante Luis Felipe Pondé, em artigo nesta Folha.
Teoria da conspiração vá lá, até pode ter seu charme; mas, como dizia Napoleão, entre o sublime e o ridículo há apenas um passo. Reinaldo Azevedo e seus sequazes já atravessaram faz tempo esta fronteira.
De fato, os textos que têm se prestado a publicar acerca do genocídio na Palestina já superaram o ridículo. Chegaram ao cinismo. Dizer que as crianças mortas na Faixa de Gaza são marketing é uma afronta do mesmo nível da deputada sionista que defendeu o extermínio em série das mulheres palestinas para impedir a procriação. É apologia covarde ao genocídio e ao terrorismo de Estado.
A direita se diferencia da esquerda, dentre outras coisas, pela análise dos fatos. Mas não por criar fatos ou ignorá-los. Ao menos quando tratamos de uma direita séria.
No caso de Reinaldo Azevedo e dos seus, estamos num outro campo. Não é apenas a direita. É uma direita delirante. A psiquiatria clínica é clara: negação dos dados da experiência, somada a uma reconstrução da realdade pela fantasia chama-se delírio. (merece destaque o fato de o cara é professor de psicanálise) Aqui há ainda o agravante da fixação em temas recorrentes. PT, movimentos populares e mais uns dois ou três.
Um delírio em si é inofensivo. O problema é quando começa a juntar adeptos, movidos por ódio, preconceitos e mentiras. É assim que nascem os movimentos fascistas. Quem defende extermínio higienista em Gaza também deve defendê-lo no Complexo do Alemão ou em Paraisópolis.
Reinaldo Azevedo certamente ainda não representa um risco político real, mas o crescimento de seus seguidores é um sintoma preocupante da intolerância e desapego aos fatos que ameaçam o debate público no Brasil. 


Guilherme Boulos
Guilherme Boulos, 32, é formado em filosofia pela USP, professor de psicanálise e membro da coordenação nacional do MTST (Movimento dos Trabalhadores Sem-Teto). Também atua na Frente de Resistência Urbana e é autor do livro "Por que Ocupamos: uma Introdução à Luta dos Sem-Teto".