domingo, 20 de abril de 2008

Brasil: um país excêntrico

O Brasil é mesmo um país excêntrico. Há algum tempo tenho escrito aos jornais e aos sites que leio para que eles deixem educadores falarem de e sobre educação, como médicos falam de medicina e saúde, economistas falam de economia, advogados falam sobre legislação e justiça, e embaixadores falam de política internacional, etc. Noutro lugar a sugestão pareceria ridícula ou irônica, mas jamais pertinente: os primeiros a opinarem deveriam ser os profissionais que estudaram anos a fio sobre o assunto... Nunca houve resposta. Pior: nada mudou. As “opiniões” sobre educação são “elaboradas” por políticos que exercem ou exerceram funções ligadas à área, raramente por um educador de profissão. Também de profissionais da área é possível ouvir críticas frágeis e equivocadas, mas aí os próprios pares (ainda) se encarregam de criticar.

Aumento de salários para professores

Mas, no Brasil não é assim! Pergunto-me por que e a quem ou que serve a palavra de um diletante sobre um assunto tão importante para o conjunto da sociedade? Isso se assemelha a um homem com câncer em estado terminal ir ao farmacêutico da esquina e pedir para ele indicar um tratamento ao invés de ir a um médico oncologista. Desculpem-me se carrego nas cores, mas até a falácia de que salário de professor não melhora a qualidade da educação fomos obrigados a ouvir ultimamente – e olha que estamos falando de salários de professores que às vezes não alcançam o salário mínimo. Pode uma esculhambação dessas? Pode?

Um pergunta que não quer calar: como um profissional de nível superior que é obrigado atualizar-se – por força de seu compromisso social e/ou profissional – consegue cumprir sua função com um salário que mal permite que outros profissionais sobrevivam?

Por que continuar sendo professor se a profissão – por exemplo – de soldado raso é mais rentável, oferece melhores possibilidades de carreira profissional e menos trabalho? Daqui a alguns anos os sábios “comentaristas” estarão “descobrindo” que não existem mais professores para ocuparem os cargos nas escolas e se perguntarão porquê?

Ética na política

Uma outra questão em voga recentemente se refere à ética na política. Desde quando ética é uma característica dos políticos? Maquiavel, no século XV, já explicava o funcionamento “maquiavélico” da política e dos políticos, empregando exemplos históricos conhecidos. Sabemos o que ocorreu: ele foi demonizado como aquele que “defendia que os fins justificavam os meios” e, ironicamente, se tornou livro de cabeceira de todos os políticos, profissionais ou amadores, sérios ou corruptos.

No Brasil do século XXI:

  • deixou de ser falta de ética pautar as práticas políticas pelos interesses pessoais ao invés dos públicos;
  • elaborar dossiês tornou-se mais falta de ética do que divulgá-los (ou “vasá-los” como alguns dizem) para a grande imprensa.

Nessa época sombria, quando o Estado emprega dinheiro público em obras que beneficiam a maioria da população, a ação passou a ser considerada como “gastos do governo” e não “investimento em obras sociais”.

Em tempo: salários dos representantes do povo (sic) e dos professores

Os aumentos dos deputados e senadores foram aprovados pelo “congresso” rapidamente, mas o piso para professores que equivale a 3,5% dos valores pagos aos “nobres congressistas” ainda não foram aprovados depois de seis meses que a medida provisória – criticada pelos mesmos – pusesse ser “avaliada”! Pode?!!!!!

Talvez a saída fosse: pagaremos aos “nobilíssimos deputados” valores equivalentes aos salários de professores imediatamente e para sempre! Ou os professores passariam a ser regiamente remunerados, ou os nosso postos políticos passariam a ser exercidos por homens de caráter que realmente colocassem os interesses pessoais depois dos públicos nas suas praticas políticas...

Sonhar é preciso!!!!! Mais agora do que nunca.