segunda-feira, 11 de dezembro de 2017

Como 'comportamento de manada' permite manipulação da opinião pública por fakes

Da BBC
http://www.bbc.com/portuguese/brasil-42243930?ocid=socialflow_facebook
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Como 'comportamento de manada' permite manipulação da opinião pública por fakes

Ilustração reproduz efeito de comportamento de manada
Image captionUsuários reais estão sujeitos à manipulação de perfis falsos nas redes sociais | Ilustração: Kako Abraham/BBC
A estratégia que vem sendo usada por perfis falsos no Brasil e no mundo para influenciar a opinião pública nas redes sociais se aproveita de uma característica psicológica conhecida como "comportamento de manada".
O conceito faz referência ao comportamento de animais que se juntam para se proteger ou fugir de um predador. Aplicado aos seres humanos, refere-se à tendência das pessoas de seguirem um grande influenciador ou mesmo um determinado grupo, sem que a decisão passe, necessariamente, por uma reflexão individual.
"Se muitas pessoas compartilham uma ideia, outras tendem a segui-la. É semelhante à escolha de um restaurante quando você não tem informação. Você vê que um está vazio e que outro tem três casais. Escolhe qual? O que tem gente. Você escolhe porque acredita que, se outros já escolheram, deve ter algum fundamento nisso", diz Fabrício Benevenuto, professor da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), sobre a atuação de usuários nas redes sociais.
Ele estuda desinformação nas redes e testou sua teoria com um experimento: controlou quais comentários apareciam em um vídeo do YouTube e monitorou a reação de diferentes pessoas.
Quanto mais elas eram expostas só a comentários negativos, mais tendiam a ter uma reação negativa em relação àquele vídeo, e vice-versa.
"Um vai com a opinião do outro", conclui Benevenuto. Em seu experimento, os pesquisadores chegaram à conclusão de que a influência estava também ligada a níveis de escolaridade: quanto menor o nível, mais fácil era ser influenciado.

Exército de fakes

Captura de tela de perfil identificado como falso no Facebook
Image captionUsuária identificada como falsa, com foto de perfil de banco de dados, tem 2.426 amigos | Foto: Reprodução/Facebook
Evidências reunidas por uma investigação da BBC Brasil ao longo de três meses, que deram origem à série Democracia Ciborgue, da qual esta reportagem faz parte, sugerem que uma espécie de exército virtual de fakes foi usado por uma empresa com base no Rio de Janeiro para manipular a opinião pública, principalmente, no pleito de 2014. E há indícios de que os mais de 100 perfis detectados no Twitter e no Facebook sejam apenas a ponta do iceberg de uma problema muito mais amplo no Brasil.
A estratégia de influenciar usuários nas redes incluía ação conjunta para tentar "bombar" uma hashtag (símbolo que agrupa um assunto que está sendo falado nas redes sociais), retuítes de políticos, curtidas em suas postagens, comentários elogiosos, ataques coordenados a adversários e até mesmo falsos "debates" entre os fakes.
Alguns dos usuários identificados como fakes tinham mais de 2 mil amigos no Facebook. Os perfis publicavam constantemente mensagens a favor de políticos como Aécio Neves (PSDB) e o presidente do Senado, Eunício Oliveira (PMDB), além de outros 11 políticos brasileiros.
Eles negam ter contratado qualquer serviço de divulgação nas redes sociais por meio de perfis falsos. A investigação da BBC Brasil não descobriu evidências de que os políticos soubessem do expediente supostamente usado.
Eduardo Trevisan, dono da Facemedia, empresa que seria especializada em criar e gerir perfis falsos, nega ter produzido fakes. "A gente nunca criou perfil falso. Não é esse nosso trabalho. Nós fazemos monitoramento e rastreamento de redes sociais", disse à BBC Brasil.

Personas

As pessoas que afirmam ser ex-funcionárias da Facemedia entrevistadas pela BBC Brasil disseram que, ao começar na empresa, recebiam uma espécie de "pacote" com diferentes perfis falsos, que chamavam de "personas". Esses perfis simulavam pessoas comuns em detalhes: profissão, história familiar, hobbies. As mensagens que elas publicavam refletiam as características criadas.
"As pessoas estão mais abertas a confiar numa opinião de um igual do que na opinião de uma marca, de um político", disse um dos entrevistados.
"Ou vencíamos pelo volume, já que a nossa quantidade de posts era muito maior do que o público em geral conseguia contra-argumentar, ou conseguíamos estimular pessoas reais, militâncias, a comprarem nossa briga. Criávamos uma noção de maioria", diz um ex-funcionário.
Para Yasodara Córdova, pesquisadora da Digital Kennedy School, da Universidade Harvard, nos EUA, e mentora do projeto Serenata de Amor, que busca identificar indícios de práticas de gestão fraudulentas envolvendo recursos públicos no Brasil, "a internet só replica a importância que se dá à opinião das pessoas ao redor na vida real".
"Se três amigos seus falam que um carro de uma determinada marca não é bom, aquilo entra na sua cabeça como um conhecimento", diz ela.
Ilustração de mãos tentando alcançar símbolos de likesDireito de imagemGETTY IMAGES
Image captionEspecialista vê prática como fator que afeta a confiança da socieade na democracia

Confiança abalada

Para Lee Foster, da FireEye, empresa americana de segurança cibernética que identificou alguns perfis fakes criados por russos nas eleições americanas, essa tentativa de manipulação pode não fazer as pessoas mudarem seus votos. "Mas podem passar a ver o processo eleitoral todo como mais corrupto, diminuindo sua confiança na democracia", afirma.
"As redes sociais estão permitindo cada vez mais coisas avançadas em termos de manipulação nas eleições", diz Benevenuto, citando as propagandas direcionadas do Facebook. "Estamos entrando em um caminho capaz de aniquilar democracias."
A solução proposta por pesquisadores para o problema dos perfis falsos e robôs em redes sociais vai da transparência das plataformas ao esforço político de "despolarizar" a sociedade.
Córdova diz que não se deve pensar em "derrubar todos os robôs" - que não são necessariamente maliciosos, são mecanismos que automatizam determinadas tarefas e podem ser usadas para o bem e para o mal nas redes sociais.
"É impossível proibi-los. A saída democrática é ter transparência para outros eleitores", afirma. Se "robôs políticos" existem e estão voluntariamente cedendo seus perfis para reproduzir conteúdo de um político, eles devem estar marcados como tal, como, por exemplo, "pertencente ao 'exército' do candidato X".

Transparência

Defensora do direito à privacidade e da liberdade de expressão, a pesquisadora Joana Varon, fundadora do projeto Coding Rights ("direitos de programação"), também defende a transparência como melhor via. "Anonimato e privacidade existem para proteger humanos. Bots (robôs de internet) feitos para campanha eleitoral precisam ser identificáveis e registrados, para não enganar o eleitor", afirma.
Mas como aplicar essa lógica para os perfis falsos controlados por pessoas que prestariam serviço secretamente para políticos, como os identificados pela BBC Brasil?
Para Pablo Ortellado, professor do curso de Gestão de Políticas Públicas da Universidade de São Paulo (USP), deve haver maior transparência e regulação em plataformas como o Facebook, que deve começar a agir "como se fosse um Estado, já que virou a nova esfera pública", onde acontecem discussões e interações. Ou seja, a plataforma deve começar a se autorregular, se não quiser ser regulada pelos Estados.
Uma de suas tarefas, diz ele, deve ser excluir esses perfis falsos da rede - algo que a própria empresa diz, sem dar detalhes, que pretende fazer no Brasil antes das eleições de 2018.
Mulher passa mural com a marca do FacebookDireito de imagemPA
Image captionFacebook diz que está aperfeiçoando seus sistemas para 'detectar e remover' conteúdos ligados a fakes
"Mas o grande desafio mesmo é desarmar a sociedade, que está muito polarizada e sendo estimulada nos dois campos. Sem essa polarização, cai a efetividade dos perfis falsos", diz Ortellado.
Córdova defende que os usuários sejam educados sobre o que são robôs e que mais pessoas os estudem. "O remédio contra esses exércitos de robôs é um exército de pessoas que entendam a natureza dessas entidades na internet."
Além disso, diz, a tendência é que as plataformas deixem as pessoas controlarem seus próprios feeds e que existam cada vez mais empresas de checagem de notícias, já que outra preocupação em 2018 são as "fake news" (notícias falsas). "Não tem solução mágica. É um ecossistema que está sendo criado."
À BBC Brasil, o Twitter informou que "a falsa identidade é uma violação" de suas regras e que contas que representem "outra pessoa de maneira confusa ou enganosa poderão ser permanentemente suspensas".
O Facebook diz que suas políticas não permitem perfis falsos e que está aperfeiçoando seus sistemas para "detectar e remover essas contas e todo o conteúdo relacionado a elas". "Estamos eliminando contas falsas em todo o mundo e cooperando com autoridades eleitorais sobre temas relacionados à segurança online, e esperamos tomar medidas também no Brasil antes das eleições de 2018. 

quarta-feira, 23 de agosto de 2017

Mais um grande desserviço do desgoverno temeroso: tudo contra as futuras gerações


http://g1.globo.com/ap/amapa/noticia/governo-federal-extingue-reserva-ao-sul-do-amapa-para-liberar-exploracao-mineral.ghtml

Vai anotando aí, especialmente, você que dizia que político "é tudo igual".
Você que dizia que era contra a corrupção, que tudo iria melhorar depois do impeachment ....
O estrago que estão fazendo no patrimônio nacional é de tal ordem que nem dá para acompanhar. Mas, eles sempre tiveram esse projeto que saiu do armário graças à ignorância política de muitos: à direita, à esquerda, animados pelos erros crassos do PT.
Mas, o PT não foi culpado sozinho. Isso não passa de ficção histórica! Muita gente que hoje discorda,radicalmente, desse (des)governo ajudou a implantá-lo; com ações, omissões, protestos, ataques, greves, memes etc.
Não apoie mais essa gente que doa patrimônio, ou o vende a troco de banana... que só pensa em seus próprios interesses. Não faça mais isso! Ajude as próximas gerações a terem um resto de país que seja deles; que não tenha sido doado ao capital internacional.

Em 2018 queime sua camisa da seleção, doe sua panela a um asilo, compre um livro de história escrito por um historiador reconhecido entre historiadores - se for midiático, desconfie, muito! - e saia em defesa de seu candidato com orgulho.
Na democracia, Jucás, Temeres, Maias, Collors, Aécios, Malufs, Dórias, ACMs, Crivellas, Sonarios e toda essa gangue que hoje está no governo e outros que já saíram foram colocados lá pelo VOTO.
Lembre-se: se os fins não justificam os meios, há uma diferença absurda entre comprar votos e apoios no congresso - que por princípio é corrupto, afinal está sendo comprado e não é só por partidos, vale lembrar - ou comprar emendas constitucionais que beneficiam empresas ou receber dinheiro em contas, em malas, no Brasil ou no exterior.

quarta-feira, 26 de abril de 2017

http://jornalggn.com.br/noticia/as-pegadas-americanas-na-anatomia-do-golpe-por-tereza-cruvinel

terça-feira, 7 de fevereiro de 2017

segunda-feira, 30 de janeiro de 2017

POR UMA REFLEXÃO RACIONAL SOBRE O GOLPE E OS RETROCESSOS MONUMENTAIS DO (DES)GOVERNO ATUAL

Saiu hoje no Estadão: 
"Com Temer, 62% dos projetos que viraram lei foram do Executivo
Desde maio, quando Michel Temer assumiu interinamente a Presidência, 62% das leis aprovadas no Congresso foram propostas pelo Planalto. É a maior taxa dos últimos dez anos. O número mostra reversão em trajetória que era de queda. Até meados do 2.º mandato de Fernando Henrique Cardoso (1999-2002), cerca de três em cada quatro novas leis tinham o Executivo como autor. O porcentual foi caindo até chegar a 26%, com Dilma Rousseff.(Política A4)"

O resumo da notícia ajuda a entender como a política funciona no Brasil e porque os avanços não foram tão grandes como alguns esperavam e/ou defendiam... 
Os dados sobre as enormes dificuldades de aprovar leis de interesse da maioria dos brasileiros são muito óbvios. No entanto, merece destaque também o erro monumental que movimentos sociais e partidos progressistas estão cometendo ao não encontrarem uma pauta comum para avançarmos em nossa incipiente e frágil democracia. 
Há um ciclo "viciado" entre os avanços do neo-ultra-conservadorismo e um recuo reverente desses agentes da sociedade civil. Negá-lo é o que mantem esse monstro a nos espreitar. 
Urge que os interesses comezinhos e ideológicos sejam deixados de lado por todos os agentes progressistas. Somente assim poderemos garantir a sobrevivência dos vestígios da democracia popular que a maioria dos brasileiros vinha forjando desde a Constituição de 1988. 
Se esses agentes não se convencerem dessa obviedade, as consequências nefastas também os atingirão e, talvez, os coloquem na periferia da política novamente. A estupidez dessa gente não pode ser tão obtusa assim! 
Vamos aguardar.