sexta-feira, 27 de abril de 2012

POLÍTICA: COMENTÁRIOS

IMPORTANTE: não leio mais jornais brasileiros, só o clipping da radiobrás.
Se me interesso por alguma noticia vou aos jornais, como El Pais, Le Monde, a BBC Brasil, The Guardina e os blogs do PH Amorim, Nassif, . Mas isso pode distorcer algumas das inferências que faço das manchetes. Mas, é proposital! A manchete deveria dizer tudo!


MANCHETE: Por unanimidade, STF valida cotas raciais em universidades!

I
Um sociólogo chamado Simon Schwartzman diz, em entrevista, que "ao diferenciar pessoas pela cor da pele ou raça, as cotas geram mais discriminação"... Na verdade, desde que FHC tornou-se presidente esta categoria de intelectual entrou em queda no meu conceito. Têm também diploma de sociologia - o que não converte ninguém a sociólogo - Ali Kamel da Globo e um tal Magnoli sei lá da quantas. O inteligente analista esqueceu-se que quem faz a distinção é o homem, não a lei. Afinal, todos sabemos que só exite uma raça entre os humanos: a humana. O problema é que sempre se discriminou o negro no Brasil, não tanto pelo tom da pele - como alhures, mas pelo tipo de trabalho (manual) que exercia, desde a época da escravidão, pois na maioria das vezes era pobre. Rico e ricas, de qualquer origem, no Brasil, são recebidos frequentemente como "iguais", salvo raras exceções que confirmam a regra. Mas, quando vieram alemães, italianos, europeus "brancos" se fossem pobres recebiam o mesmo tratamento do negro. A vinda destes também ampliou o preconceito entre nós.

II

Richard Haass, na "Visão Global" (sic) de um jornal, afirma: "Aos vencedores, mais desafios: Líderes de emergentes enfrentam o fato de que as reivindicações dos cidadãos  cada vez mais superam a capacidade de satisfazê-las." Sempre mais do mesmo. A crise de 2008 provou que, quando se trata de gastos voltados aos agentes financeiros, nunca faltam dinheiros e argumentos!

III
"Dora Kramer: Vontade da maioria [?]
Goste-se ou não, a aprovação do Código Florestal expressou a vontade da maioria, sem relação com o tamanho ou a fidelidade da base aliada." Certamente, ela se refere a maioria NO CONGRESSO! Não acredito que ela se refira à população!

IV
"Valor Econômico
Manchete: Mesmo com economia fraca, renda real tem forte avanço." "Notícia"  nem um pouco capiciosa, não? A crise econômica chegou aqui frágil, embora real, mas o crescimento da renda é um dado muito mais relevante! Fundo musical: Manipula, meu amor, manipula!

sexta-feira, 20 de abril de 2012

A MÍDIA E O PODER NO BRASIL: Veja que perigo!

Não podemos deixar de apontar aqui o que vazou do caso Cachoeira: vazou a escrescência dos políticos e da mídia que comandam a República NA NOSSA CABEÇA.


As realções intestinais entre a mídia e os políticos no Brasil jamais foram explícitas ou explicitadas (uma boa  exceção é Conti: Notícias do Planalto).

Sob a bruma do concluio, mídia e poder sempre disputaram o apoio da opinião pública para abrigarem seus próprios interesses, haja vista o caso clássico de Carlos Lacerda - que a história puniu exemplarmente e duas vezes, em 54 depois do suicídio de Vargas o povo queria linchá-lo e durante a ditadura, cassado depóis de participar do golpe.

Mas, a situação mostrou-se ainda mais grave no caso do senador/contraventor/corruptores e suas relações com a revista VEJA.

A QUADRILHA MANDAVA NA REPÚBLICA!

COMANDADA, NÃO SE SABE BEM POR QUEM, POIS REUNIA TODA A SORTE DE GENTE: O EDITOR DA VEJA, DEMOSTENES TORRES (DEM), CARLOS CACHOEIRA, NAJI NAHHAS, MARCONI PERILLO (PSDB) - Governador de Goiás e AGNELO QUEIROZ (PT) - governador do DF, além de procuradores e outros políticos que ainda não apareceram - 

A QUADRILHA nomeava gente na administração pública, no executivo, legislativo, judiciário; realizava escutas ilegais, criava fatos políticos, noticiava-os via Veja, fazia a "NOTÍCIA" circular via mídia - JORNAIS, REVISTAS, TELEVISÃO (!!!?)

ENFIM, A QUADRILHA GOVERNAVA O BRASIL!!! 

PS: Assim, que se leia cada vez mais as notícias veiculadas pelas mídias digitais (alternativas, acho que não mais). A internet chegou para "rebuplicanizar" a esfera pública, principalmente em paises como o Brasil. Salve a tecnologia!

sexta-feira, 13 de abril de 2012

Abafando a cachoeira: VEJA QUE VERGONHA!

NEM É PRECISO COMENTAR....
Retirado do Blog tijolaço, de Brizola Neto


Desde ontem,
 a grande imprensa começou a tornar evidente aquela “Operação Abafa” sobre o caso Demóstenes-Cachoeira.
Primeiro, o Estadão, com áudios  absolutamente vazios de supostas conversas entre o deputado Protógenes Queiroz e o agente “Dadá”, que -ao que parece – arapongava para meio mundo. Protógenes, um delegado de polícia, não tem nenhum diálogo comprometedor com o agente e, se teve, nada melhor que esclarecer isso numa CPI. Aliás, é estranho que seis telefonemas vazios de Protógenes a alguém que, oficialmente, pertencia à um órgâo de investigação sejam notícia e não o sejam os 200 telefonemas entre o próprio Cachoeira e o editor da revista veja, Policarpo Júnior, numa parceria “pelo bem do Brasil” que já durava oito anos.
Mas hoje O Globo deixa mais claro o jogo, servindo-se de uma declaração do presidente do PT, Rui Falcão, que liga o caso Cachoeira a possíveis montagens contra o Governo Lula feitas com a ajuda da conexão Cachoeira-Veja, que parece continua a ser um tabu para a mídia.
Logo, em nome do esclarecimento do dito “mensalão”, abafe-se a Cachoeira…
A democracia não pode conviver com a divulgação seletiva de irregularidades. É preciso que o inacreditável poder de um bicheiro sobre a mais altas figuras da política e da imprensa não fique sendo demonstrado aos pedaços, contra aqueles a que “interessa” desmoralizar, mas encobrindo as figuras que o conservadorismo e a mídia tem no seu altar.
Corrupção não é assunto que requeira “segredo de justiça” em sua apuração, salvo em ocasiões especialíssimas, no curso de investigações. E são a mídia e a Polícia Federal, apenas, quem está escolhendo o que deve ser divulgado, a conta-gotas.
O povo brasileiro e a própria credibilidade da democracia brasileira exigem que tudo venha à tona.
Se Carlos Cachoeira tem ligações com a investigação sobre o “mensalão”, que elas apareçam. Se tem ligação com as denúncias que, onda após onda, a Veja apresentava, servindo-se de escutas e filmagens providenciadas pelo bicheiro, que se apure. Existem pessoasdo esquema Cachoeira que o afirmam expressamente.
O que não se pode é fazer da divulgação parcial e seletiva de gravações, escolhendo os personagens e os contextos “que interessam”, uma “verdade” conveniente, que determina quem deve ser execrado e quem  deve ser preservado.
Do contrário, seria melhor que se desistisse de uma CPI e se deixasse o próprio STM – Supremo Tribunal da Mídia, a mais alta corte política do Brasil – decidisse – como decide há anos – quem deve ser impiedosamente decapitado e quem vai, como fez Demóstenes Torres durante muitos anos, posar de paladino da moralidade, embora enterrado até o pescoço no pântano das cumplicidades escusas.

quinta-feira, 5 de abril de 2012

Santayana: novo cerco ao Brasil | Conversa Afiada

Uma pérola de análise macro-política.
Um papel que os jornalistas deveriam voltar a desempenhar por essas bandas tupiniquins: pensar e analisar. Não ficarem, como acontece atualmente, a soldo de neg-ocios de outros que não o povo brasileiro. Hoje, seus PATRÕES são bicheiros, empresários nacionais e/ou internacionais de interesses escusos; políticos podres; intelectuais piores - pois estes se vestem de "analistas" e escondem seus interesses pessoais (aliados a sabe-se lá ao que?) atrás das "ciências"!

Deliciem-se com a análise do Jornalista Santayana

Santayana: novo cerco ao Brasil | Conversa Afiada

O ROUBO DA REVISTA CARTA CAPITAL EM GOIÁS ou como a política vem sendo praticada pelo PSDB


Reproduzo artigo publicado na revista CARTA CAPITAL do último fim de semana, cuja capa era composta por Carlinhos Cachoeira, Demóstenes Torres e Marconi Perillo, todos figuras ilustres do estado, embora não pelos mesmos motivos, pelo menos até agora.

A atitude que fere qualquer concepção de democia, de retirar das bancas a edição da revista não foi noticiada, que eu saiba, noutros veículos de comunicação.
Curioso que o controle social da comunicação é rapidamente considerado "uma agressão" à democracia e à liberdade de expressão pela imprensa, mas confiscar uma revista nem mesmo é noticiado no país....
"Que país é esse?" cantava Renato Russo nos anos 1980, final da pior ditadura da historia brasileira ...QUE PAÍS É ESSE? repito hoje, na segunda década dos anos 2000.

A Carta disponibilizou a matéria no seu sitio também.

Política

Leandro Fortes

Goiás

02.04.2012 10:03

O crime no poder

*matéria de capa da CartaCapital desta semana.
Restritas ao noticiário local de Goiânia, as informações sobre uma “minirreforma” no secretariado do governador de -Goiás, Marconi Perillo (PSDB), são o primeiro sinal de que suas ligações com o esquema -conjunto do senador Demóstenes Torres (DEM-GO) e do bicheiro Carlos Augusto Ramos, o Carlinhos Cachoeira, prometem levar a crise para dentro do governo goiano.
Transformado em menos de um mês em zumbi político, Torres agoniza pelos corredores do Senado, agora sob risco de ser cassado. Mas não deve naufragar sozinho, se as investigações da Polícia Federal forem aprofundadas. Novos documentos, gravações e perícias que integram o relatório da Operação Monte Carlo, revelados com exclusividade por CartaCapital, apontam uma total sinergia entre o esquema do bicheiro, o senador e o governo de Marconi Perillo.

Em conversas telefônicas, o bicheiro jacta-se da influência sobre Marconi Perillo e sempre recorria a Demóstenes Torres, vulgo "gordinho". Perillo (foto) nega relações com esquema. Foto: Gustavo Moreno/CB/D.A Press

Em uma interceptação telefônica de 5 de janeiro de 2011, os agentes federais registraram uma conversa entre Cachoeira e seu principal auxiliar, Lenine Araújo de Souza, vulgo Baixinho. Na conversa, o bicheiro, a partir de um telefone em Miami, recebe a notícia de que um de seus indicados para o governo de -Goiás, identificado apenas por Caolho, acabou preterido, sem maiores explicações e aparentemente sem o conhecimento do governador. Segundo homem na hierarquia e braço operacional de Cachoeira, Souza administrava e operava o sistema de contabilidade da quadrilha. Também era responsável pelo pagamento de boa parte das propinas a agentes públicos, em troca de proteção e informação.
Torres considera-se um "cadáver político". foto: José Cruz/ABr
“Marconi, hora que souber disso (sic), vai ficar puto”, reclama o bicheiro, no telefonema a Souza. E acrescenta, a seguir: “Já mandei avisar ele (sic)”. Mas adiante, revela, por duas vezes, a ordem dada ao senador Torres para entrar no caso e falar diretamente com o governador. “O Demóstenes já está ligando para ele”, garante Cachoeira.
Mais adiante, no mesmo grampo, o bicheiro pede a Souza para tomar providências e entrar em contato com Eliane Gonçalves Pinheiro, chefe de gabinete do governador. Ela chegou ao cargo no início do ano passado, depois das eleições de 2010, na qual foi responsável -pela arti-culação do tucano para que prefeitos do PP aderissem à campanha do PSDB ao governo estadual. Até então, era ligada ao ex–secretário extraordinário de Assuntos Estratégicos de Goiás Fernando Cunha, importante liderança tucana no estado, falecido em novembro de 2011. Segundo as investigações da PF, uma filha de Cunha é casada com um irmão de Cachoeira.
Outra interferência direta do bicheiro no governo, revelada nos grampos da PF, tem relação com a atuação do coronel Vicente Ferreira Filho, comandante do 3º Comando Regional da Polícia Militar, em Anápolis. Souza refere-se à preocupação de um certo “Ananias”, provavelmente um dos prepostos da jogatina na cidade, com a atuação do oficial. “O Ananias está demonstrando preocupação com o Vicente em Anápolis, hein”, avisa.
Cachoeira informa então a providência tomada. “Já mandei (inaudível), inclusive vai falar com Marconi, hoje à tarde”, diz o bicheiro. Em seguida, tranquiliza o auxiliar sobre a possibilidade de o coronel da PM atrapalhar os negócios em Anápolis, segundo a transcrição da PF. “Não vai, não. Esse comandante pra nóis (sic), ainda vai ser bom. Cê vai ver (sic).” Não há, contudo, nenhuma acusação contra o coronel nos autos da Operação Monte Carlo.
Ciente da encrenca em que está metido, Perillo decidiu usar como desculpa a desincompatibilização do atual secretário de Meio Ambiente, Leonardo Vilela, candidato do PSDB à prefeitura de Goiânia, para mexer na equipe e apagar os rastros de Torres e Cachoeira em seus domínios. Assim, a amiga do bicheiro, Eliane Pinheiro, chefe de gabinete de Perillo, deverá deixar o cargo em breve, sob a improvável promessa de mudar de função. Outro que deve sair e colocar as barbas de molho é o secretário de Infraestrutura, Wilder Morais. Suplente de Torres, poderá assumir a vaga no Senado caso o titular venha a ser cassado.
Será uma vingança e tanto. A mulher de Morais, Andressa, o abandonou no ano passado para viver com Cachoeira. O drama matrimonial chegou a servir de desculpa para o senador Torres -justificar os 298 telefonemas que trocou com o bicheiro nos últimos seis meses. Morais também tomou medidas preventivas e afastou Leandro Gomes Candido do cargo de secretário-executivo da pasta. Candido é marido de uma irmã de Andressa.
Cachoeira se valia dos serviços do araponga Dadá (acima). Foto: Antonio Cruz/ABr
Outro da lista é o secretário da Indústria e Comércio, Alexandre Baldy, indicação pessoal de Torres. Baldy é genro do empresário Marcelo Limírio, sócio do senador do DEM em uma faculdade em Goiás. Ex-dono do Laboratório Neo Química, em Anápolis, segunda maior cidade do estado, o secretário mantém ainda uma sociedade com Cachoeira na ICF, empresa fornecedora de testes para laboratórios. Um deles, o Vitapan, de propriedade do bicheiro, era utilizado para lavagem de dinheiro do esquema de jogatina, segundo informações da PF.
“É assustador o alcance dos tentáculos da organização criminosa”, escreveu em 23 de fevereiro deste ano o juiz Paulo Augusto Moreira Lima, da Vara Federal de Anápolis, responsável pela condução processual do inquérito. Segundo o magistrado, “para dar suporte à exploração ilegal de máquinas caça-níqueis, bingos de cartelas e jogo do bicho em Goiás” a quadrilha de Cachoeira montou um incrível esquema de lavagem de dinheiro, evasão de divisas, contrabando, corrupção, -pe-culato, prevaricação e violação de sigilos.
Ainda de acordo com Lima, o grupo de Cachoeira era altamente “profissionalizado, estável, permanente, habitual, estruturado, montado para cometer crimes graves”. Para tal, mantinha uma “estrutura organizacional e piramidal -complexa” que funcionava graças a uma “estrutura estável, entranhada no seio do estado com, inclusive, a distribuição centralizada de meios de comunicação para o desenvolvimento das atividades, com o objetivo de inviabilizar a interferência das agências sérias de persecução”.
Logo após ser preso, o juiz determinou que Cachoeira fosse transferido para um presídio federal de Mossoró (RN) porque, na petição à Justiça Federal, os procuradores do caso temiam que ele continuasse a comandar o esquema criminoso de dentro de uma prisão de -Goiás. “Em mais de uma década, Carlinhos Cachoeira dedicou-se a comprar informações e proteção de agentes do estado vendíveis. Em outras palavras, tornou a sociedade e o próprio estado mais vulneráveis ao crime”, escreveu Lima.
Os números listados na Justiça Federal falam por si só do tamanho da investigação que une os negócios de Cachoeira com a rotina do governo de Goiás. Ao todo foram identificados como integrantes da quadrilha do bicheiro 43 agentes públicos. Desses, seis delegados da Polícia Civil, 30 policiais militares, dois delegados da PF, um administrativo da PF, um policial rodoviário federal, dois agentes da Polícia Civil e dois servidores municipais. A Monte Carlo gerou 36 volumes de interceptação telefônica, 14 volumes de inquérito policial, três volumes de sigilo bancário e fiscal, além de uma centena de relatórios produzidos pela PF.
Procurado por CartaCapital, o governador Perillo respondeu, via assessoria de imprensa, não possuir nenhuma ligação com o bicheiro. Sobre indicações de Cachoeira para cargos no governo, saiu-se com essa: “Que eu tenha sido informado, não”. Também negou ter havido pressão de Demóstenes Torres para a nomeação de apadrinhados do bicheiro no governo estadual. Por fim, negou ter iniciado uma reforma no secretariado. Seriam “apenas substituições pontuais de auxiliares que serão candidatos nas próximas eleições”.
Interceptações telefônicas realizadas pela Polícia Federal mostram intervenção de Cachoeira no governo de Goiás. Foto: Gustavo miranda/ Ag. O Globo
Enquanto isso, a agonia de Torres parece não ter fim. Na sexta-feira 23, -CartaCapital revelou em seu site que a Polícia Federal sabia desde 2006 de suas ligações com Cachoeira. Três relatórios assinados pelo delegado Deuselino Valadares dos Santos, então chefe da Delegacia de Repressão a Crimes Financeiros da Superintendência da PF em Goiânia, revelam que Torres tinha direito a 30% da arrecadação geral do esquema de jogo clandestino, calculada em aproximadamente 170 milhões de reais nos últimos seis anos. A informação consta de um Relatório Sigiloso de Análise da Operação Monte Carlo, sob os cuidados do Núcleo de Inteligência Policial da Superintendência da PF em Brasília.

Valadares foi um dos 35 presos em 29 de fevereiro na esteira da operação. Nas interceptações telefônicas feitas pela PF com autorização da Justiça, ele é chamado de Neguinho pelo bicheiro. Por estar lotado na delegacia de repressão a crimes financeiros, era responsável pelas operações policiais da Superintendência da PF em todo o estado. Ao que tudo indica, foi cooptado para a quadrilha após descobrir os esquemas de Cachoeira, Torres e mais três políticos goianos também citados por ele na investigação: os deputados federais Carlos Alberto Lereia (PSDB), Jovair Arantes (PTB) e Rubens Otoni (PT).
Em outro grampo da PF, revelado agora por CartaCapital, de 13 de março de 2011, Cachoeira conversa com Idalberto Matias de Araújo, o Dadá, sargento da reserva da Aeronáutica, também preso durante a Operação Monte Carlo. Ele era responsável por obter informações sigilosas de interesse da quadrilha de Cachoeira em troca de um pagamento mensal de 5 mil reais. No grampo, Dadá manda o bicheiro “tranquilizar” Torres. Falava possivelmente da investigação da PF sobre o esquema criminoso.
A informação, proveniente de uma mulher não identificada na conversa, é tachada de “exagerada” pelo araponga da Aeronáutica. “Investigações a baixo nível, entendeu, só a termos de conhecimento”, diz Dadá. “Então, excelente, vou passar para o GORDINHO a informação”, diz o bicheiro. O apelido, segundo a PF, era o código para se referir ao senador do DEM nas conversas entre os dois. Até 2009, Torres pesava 103 quilos. Perdeu 30 quilos após se submeter a uma cirurgia de redução do estômago.
Os deputados Lereia, do PSDB, e Otoni, do PT, também integrariam o esquema. Fotos: Beto Oliveira e Carlos Moura/D.A.Press
Uma série de outras reportagens divulgada nos últimos dias complicou ainda mais a vida do senador. O jornal O Globo publicou transcrições de interceptações telefônicas nas quais Torres pede ao bicheiro, com quem se comunicava por meio de um aparelho de rádio registrado em Miami, 3 mil reais para pagar despesas de táxi aéreo.
O diário carioca revelou ainda que o parlamentar do DEM usou de seu prestígio para tentar remover, em 2009, um dos principais agentes de uma das investigações sobre a exploração ilegal de máquinas caça-níqueis e videopôquer chefiada por Cachoeira. Tratava-se do policial federal José Luiz da Silva. Torres solicitou ao então secretário de Assuntos Legislativos, Pedro Abramovay, a transferência do agente de Anápolis, área de atuação de Cachoeira, para Goiânia.
Uma reportagem do Jornal -Nacional jogou mais cal sobre a cova do senador, que já admitiu estar “morto politicamente” por causa das denúncias. Trechos de interceptações da Monte Carlo revelam que Cachoeira, em conversa com o contador Giovani Pereira da Silva, pode ter repassado mais de 3 milhões de reais ao senador do DEM.
É possível que em breve venha à tona outra faceta do grupo: o uso de meios de comunicação para atacar adversários. Sabe-se das boas relações de Cachoeira com jornalistas de Brasília, em especial o diretor da sucursal da revista Veja, Policarpo Jr. Segundo blogs da internet, a Polícia Federal teria interceptado mais de 200 telefonemas entre o jornalista e o bicheiro durante o curso das investigações.
Nos inquéritos aos quais CartaCapital teve acesso, Policarpo Jr. é citado mais de uma vez. Em um grampo de 8 de julho de 2011, Cachoeira instrui o sargento Jairo Martins, da PM de Brasília, -para -estancar as informações repassadas ao jornalista. O bicheiro teria se chateado com algum texto publicado na revista. Martins é um famoso araponga brasiliense, acostumado a prestar serviços clandestinos no submundo da comunidade de informações. Foi ele quem, por exemplo, gravou o vídeo em que o ex-funcionário dos Correios Maurício Marinho aparece a embolsar 3 mil reais de propina. Indicado pelo PTB, Marinho foi o estopim do escândalo do chamado mensalão.
O futuro de Torres depende da Pro-curadoria-Geral da República e do Congresso Nacional. Desde 2009, sem nenhuma explicação plausível, o procurador-geral Roberto Gurgel mantinha engavetado um relatório da PF referente à Operação Las Vegas, de 2008, na qual a ligação entre Cachoeira e o senador era -explicitada pela primeira vez em interceptações telefônicas autorizadas pela Justiça de Goiás. Diante da pressão provocada pelas revelações da Operação Monte Carlo, Gurgel foi obrigado, na quarta-feira 28, a dar seguimento à denúncia, enviada ao Supremo Tribunal Federal.
No Congresso, o destino de Torres está nas mãos do líder do PMDB, Renan Calheiros, e do presidente do Senado, José Sarney, que precisam recompor o Conselho de Ética do Senado. O órgão está acéfalo desde setembro de 2011, razão pela qual ainda não se pode apreciar a representação contra Torres apresentada na quarta-feira 28 pelo senador Randolfe Rodrigues (PSOL). Segundo Rodrigues, está claro que Cachoeira mantém relações “amplas, gerais e irrestritas” com Torres e outras autoridades.
Tão logo o impasse burocrático seja resolvido, o processo de cassação do senador goiano, dado como certo até pelos aliados mais próximos, vai ser iniciado. Torres renunciou à liderança do DEM no Senado e corre risco de ser expulso do partido.

PRIVATARIA TUCANA: mais DOIS capítulos tristes na historia brasileira

O TEXTO A BAIXO CHEGOU POR E-MAIL, MAS ME PARECEU FUNDAMENTAL PARA ENTENDERMOS A PLÍTICA NO BRASIL "CONTEMOPRÂNEO"... ou nem tanto!
Publico também com a intenção de expurgar da política brasileira essa corja que ainda acredita mandar no país.

Virá a seguir a repostagem sobre Marconi Perillo em Goiás. Outra atitude digna de ditadores. Vergonha!

Privataria Tucana
ESCRITO POR CELSO DE CASTRO BARBOSA    
QUARTA, 04 DE ABRIL DE 2012
Nota da Redação: A resenha a seguir foi publicada originalmente na Revista de História da Biblioteca Nacional, patrocinada por órgãos de governo e editada pela Sociedade dos Amigos da Biblioteca Nacional (Sabin). Após melindrar políticos tucanos foi retirada do ar. Posteriormente, o jornalista que a assinou e mais um colega foram demitidos e até acusados de ter produzido e publicado o artigo, favorável ao livro, por conta própria. No entanto, ficaram inequívocas as pressões, incapazes, no entanto, de rebater e desmontar as denúncias desde a publicação do livro, de modo que tentam obstinadamente censurá-lo e retirá-lo do debate nacional. Portanto, pelas razões descritas, o Correio da Cidadania publica a resenha do jornalista Celso de Castro Barbosa. “O jornalismo não morreu”Privataria Tucana prova que a reportagem de investigação está viva e José Serra, aparentemente, morto Engana-se quem imagina morta a reportagem de investigação no Brasil. Embora os jornalões, revistas semanais e emissoras de TV emitam precários sinais vitais do gênero, ele está vivíssimo, como prova A Privataria Tucana, livro do premiado repórter Amaury Ribeiro Jr. Lançado em dezembro e recebido pela grande imprensa com estridente silêncio, seguido de críticas que tentaram desqualificar a reportagem e o autor, o sucesso do livro, já na terceira edição e no topo das listas dos mais vendidos, não se deve a suposto sentimento anti-tucano. Até porque os fatos objetivos relatados não poupam o PT. Não há santos na Privataria. Com base em documentos oficiais, da CPI do Banestado e outros que o autor conseguiu em cartórios, Amaury torna pública a relação de dirigentes do PSDB e a abertura de contas no exterior de empresas de fachada, responsáveis pelo retorno ao Brasil do dinheiro sujo da corrupção. Dinheiro que voltou, naturalmente, limpo. Muita gente deve explicações à Justiça que, nesse episódio como em outros envolvendo expressivos representantes da elite brasileira, move-se a passos de tartaruga. Ou simplesmente não se move. Pelo cargo que ocupou na época das tenebrosas transações, as privatizações da era FHC, José Serra, então ministro do Planejamento e depois duas vezes candidato à presidência, prefeito e governador de São Paulo, é quem tem a imagem mais chamuscada, para não dizer estorricada, ao fim da Privataria Tucana. De origem humilde, o tucano paulista exibe patrimônio incompatível com os rendimentos de um político. Tudo em nome de sua filha, Verônica, que ao lado de Ricardo Sérgio, tesoureiro das campanhas de Serra e Fernando Henrique, emerge como principais parceiros do ex-governador no propinoduto que marcou a venda das empresas de telecomunicação. Além de jogar uma pá de cal na aura de honestidade de certos tucanos, o livro de Amaury tem ainda o mérito de questionar, involuntariamente, a atuação da grande imprensa no país. Agindo como partido único, onde só é permitida uma única opinião, jornais, revistas e mídia eletrônica defenderam, com unhas e dentes, a privatização. O principal argumento era a vantagem que traria aos consumidores: eficiência e tarifas baixas por causa da concorrência. Passados mais de dez anos, o Brasil cobra tarifas de telefone das mais altas do planeta e as concessionárias são campeãs de reclamação nos Procons. Não bastasse, ao ignorar o lançamento do livro, a imprensa hegemônica mostra sua face semelhante à dos piratas: um olho tapado, que nada vê, e outro atento à movimentação dos adversários.

Ficha técnica:
Título: A Privataria TucanaAutor: Amaury Ribeiro JuniorEditora: Geração EditorialAno: 2011Páginas: 344Preço: R$ 34,90ÚLTIMA ATUALIZAÇÃO EM QUARTA, 04 DE ABRIL DE 2012