sexta-feira, 18 de janeiro de 2013

OS AVANÇOS DE UM GOVERNO DE ESQUERDA, APESAR DAS TRAPALHADAS...


Assim como tenho feito muitas vezes, reproduzo alguns comentários sobre sobre os avanços sociais "realizados" durante os deez anos de governos do PT, publicados pelo site do Jornalista - com maiúscula - Paulo Henrique Amorm, o CONVERSA AFIADA (http://www.conversaafiada.com.br/politica/2013/01/17/programa-luladilma-tem-futuro-sim/)

O motivo é óbvio: no Brasil a mídia tornou-se um partido de direita e conservador. Não vai durar... pois só discurso não faz história. É preciso realizar, empiricamente, algo para que seus resultados convertam-se em história e isso o PT fez. Não sem muitos problemas e de toda ordem: da compra de votos - atitude ingênua das lideranças mais afoitas - à corrupção dentro e fora do partido. Mas, sobretudo pela necessidade de fazer política: significa, ser compelido pelas demandas e urgências políticas a travar alianças com grupos dominados pela raia miúda - PMDB, composto por elementos que ainda fazem o pior e mais consevador jogo político do país. Mas, isso não quer dizer que sejam sem força ou desproividos de poder. Muito ao contrário, essa gente representa a pior herança de nosso passado e expressa as mais canhestras formas de fazer e manter-se na política. Haja vista a manutenção no poder de seu mais expressivo arauto num dos cargos mais importantes e poderosos do país, o senador José Sarney - há meio século mandando no país. Afinal, desde o início da ditdura até hoje, passando pela eleição de Tancredo e seu desastroso governo, que contou aliás com compra de votos para ampliar o mandato presidencial... Mas, o Lula num de seus silêncios e reticências, na época dos escândalos do senado, deixou entrever um... afinal, quem votou nele?

Mas, vamos ao que interessa:


A década do PT tirou da miséria e propiciou a ascensão na pirâmide de renda a uma população equivalente a da Argentina.

Dados do IPEA ignorados pelo jornalismo conservador fornecem detalhes preciosos de um país em mutação inconclusa, mas dificilmente reversível a frio.É em torno do passo seguinte desse processo que se trava a guerra politica atual.

Fatos:

a) de 2003 a 2011, a economia brasileira cresceu a uma taxa acumulada de 40,7%; o PIB per capita aumentou 27,7%; mas a renda nos domicílios cresceu mais de 40%. A diferença evidencia o peso das transferências sociais -Bolsa Família, aposentadorias e benefício de prestação continuada, como a aposentadoria rural;

b) a renda per capita dos 10% mais pobres avançou 91,2% em termos reais nesse período –e 16,6% entre os 10% mais ricos;

c) a dos 10% mais pobres cresceu 550% mais rápido que a dos 10% mais ricos.

d) os 20% mais ricos tiveram um aumento de renda inferior ao de seus pares dos BRICS.

e) mas o crescimento da renda dos 20% mais pobres superou o dos BRICs, exceto China.

f) a renda do Nordeste cresceu 72,8% entre 2003 e 2011 — variou 45,8% no Sudeste.

g ) similarmente, cresceu mais nas áreas rurais pobres, 85,5%, contra 40,5% nas metrópoles e 57,5% nas demais cidades.

g) a dos pretos e pardos teve um salto de 66,3% e 85,5%, respectivamente — ficou em 47,6% no caso dos brancos.

h) a renda das crianças de 0 a 4 anos avançou mais de 60%.

i) sem as políticas redistributivas do Estado, a desigualdade teria caído 36% menos que os 57% efetivamente registrados.

j) a renda média precisaria ter aumentado quase 89%, em vez dos 32%, para que a pobreza tivesse a mesma evolução, sem a intervenção direta do Estado.


Ao contrário do que assevera o balanço da mídia isenta, portanto, o modelo não é insustentável.

Ele é avassalador por conta das massas de forças que despertou, sacudiu, agregou e conflitou.

Seu principal impulso, ao contrário do que pontifica a tese do assistencialismo insustentável, decorre predominantemente da renda do trabalho.

Ela representa mais de três quartos da renda total que lubrifica a economia — e é preciso impedir que o seu efeito multiplicador vaze para fora, nutrindo-se de importações que geram empregos e investimentos de qualidade lá e não aqui.

A constatação não altera a essência política do jogo em andamento: o Brasil foi o país que melhor utilizou o crescimento econômico dos últimos anos para elevar o padrão de vida e o bem-estar da população. Isso, graças às políticas públicas deliberadamente voltadas ao mais pobres, entre elas a decisão de elevar o poder de compra do salário mímimo em 60% em termos reais.

Não é propaganda eleitoral do PT.

É o que afirma um levantamento feito pela consultoria Boston Consulting Group (BCG), que comparou indicadores econômicos e sociais de 150 países, nos últimos cinco anos.

Sua conclusão :

“Se o Produto Interno Bruto (PIB) brasileiro cresceu a um ritmo médio anual de 5,1% entre 2006 e 2011, os ganhos sociais obtidos no período são equivalentes aos de um país que tivesse registrado expansão anual de 13%. O desempenho brasileiro deve ser creditado principalmente à distribuição de renda. O Brasil diminuiu consideravelmente as diferenças de rendimento entre ricos e pobres na década passada, o que permitiu reduzir a pobreza extrema pela metade.”

Não é algo que se despreze,como teimam as manchetes conservadoras. Mas há uma pedra no meio do caminho.

Ela infantiliza o debate dos desafios reais –que não são pequenos– inscritos nas escolhas que devem orientar o passo seguinte da história do desenvolvimento brasileiro.

Emergências e alarmes soam para avisar que um tempo se esgotou; outro range, ruge e pede para nascer.

A inexistência de uma estrutura de comunicação progressista, capaz de substituir o monólogo conservador por uma discussão plural das escolhas intrínsecas a esse parto, ameaça abortar o novo.

Se algo se tornou insustentável foi isso.

Nenhum comentário: